Amo-te!

21-06-2019

Amo-te. Amo-te no dia seguinte. No dia depois de te conhecer, no dia depois da festa, no dia 15 de fevereiro. Amo-te um ano depois e amo-te passados dez, vinte, trinta, cinquenta anos. Amo-te com o teu corpo perfeito e com as cicatrizes que o tempo não consegue apagar. Amo-te quando acordo, quando me deito e quando sonho. Amo-te quando não penso em ti a toda a hora. Amo-te quando esqueço aquela data, aquele compromisso.

Não te amo para sempre porque não sei quando é para sempre. Não te amo eternamente porque nenhum de nós é eterno. Amo-te sem certezas absolutas e sem garantias. Amo-te com a certeza de que me amas da mesma forma e com a garantia do presente. Amo-te porque sei que mereço amar desta forma. Amo-te porque sei que me amas na mesma medida. Não de forma incondicional porque ambos temos condições: não deixar de amar, de desejar, de construir, de viver. Sim, ambos vivemos este amor. Não, não é o amor que nos mantém vivos e não vivemos para amar. E um dia, um de nós deixará de amar porque o outro partiu. Talvez o outro viva na ilusão de ainda amar quando estará apenas a amar uma lembrança. Talvez o outro esqueça ou talvez viva um novo amor. Talvez se zangue e nunca mais queira lembrar para assim descobrir que nunca houve amor. Ou talvez nessa altura descubra que o amor não tem Tempo, não tem Lugar, não tem Espaço e assim continue a dizer simplesmente "amo-te".

Bernadette Matos-Lima