Olhar o Natal

Apetece-me lançar-lhe um desafio. Sim, a si que está a ler estas linhas. Está pronto? Vou dizer (escrever) uma palavra e vai repetir para si em voz alta a primeira palavra que lhe ocorrer. Vamos a isso: "Natal".
Seria interessante ver todas as respostas. Aquelas que não estão condicionadas pelo julgamento social. Aquelas que não passaram por qualquer filtro. Aquelas que não são as respostas que nos habituamos a dar, a ouvir.
Sim. Natal é paz, é amor, é família, é... Mas não é suposto que seja assim todos os dias? Ok! Há datas especiais. Sim, o Natal, os aniversários, as férias, os almoços que reúnem amigos e familiares,...
Estarei então a querer tirar a magia desta época? Não! Acredito de facto que precisamos de pausas na nossa vida. Precisamos delas diariamente e precisamos de umas quantas, mais pontuais mas mais intensas. Que nos obriguem a parar, a olhar o que temos, há quanto tempo temos e o valor que lhe damos. Que nos obriguem a olhar para nós próprios, a valorizar conquistas e aceitar derrotas como oportunidades de aprendizagem. Que nos obriguem a festejar mesmo sozinhos, mesmo sem brindes, mesmo sem prendas. Afinal o verdadeiro presente é aquilo que construímos hoje. E isso é algo nosso mas onde os outros têm o seu papel, seja por colaborarem, seja por atrapalharem, seja por ignorarem. São decisões que tomamos ou que anulamos mas que provocam algo, ainda que seja o não provocar coisa nenhuma. São sentimentos que se geram ou que se alimentam mas que nasceram em nós e permanecem através de nós. Nem sempre temos esta consciência porque as primeiras respostas ditam outras opções. Sejamos genuínos e neste Natal, deixemos nascer essa consciência. O que faremos com isso, logo se vê. Afinal, ainda não é presente porque não nos foi dado! Sejamos nós a construi-lo e permitir que seja futuro.