Ano Novo. Velhos Hábitos.

11-01-2019

Ao longo deste mês, ao cumprimento habitual de "bom dia", segue-se quase inevitavelmente um "bom ano". E naquelas conversas mais demoradas, acrescenta-se um "ano novo, vida nova", um "este ano é que vai ser", um "esperemos que este seja melhor",... A verdade é que Janeiro tem a conotação de um recomeço, de uma nova oportunidade. Não é menos verdade que carrega expetativas, medos, anseios, desejos, objetivos. E também não deixa de ser verdade que tudo isto se desvanece e no dia 31 de janeiro, estão instaladas rotinas, mecanizamos comportamentos e hábitos e já adiamos tudo para o ano seguinte.

Porquê? Porque enaltecemos o momento mas vivemos em função de algo que desconhecemos. Porque o que temos é sempre mais seguro e não sabemos gerir muito bem o que não conhecemos. Porque o amanhã nos traz esperança. Porque queremos cortar com o passado. Porque o presente é demasiado rápido. Porque temos pressa de fazer acontecer. Porque queremos afastar-nos do que magoa. Porque a passagem do tempo ajuda.

Errado? Talvez sim, talvez não. Talvez para uns e para outros não. Afinal não há certezas e não temos nada garantido. Ou talvez tenhamos. A certeza de que existimos hoje e a garantia de que, neste momento, tomamos decisões que resultam do nosso passado e que vão marcar o nosso futuro. A certeza de que erramos, de que podemos fazê-lo e de que voltaremos a fazê-lo lo. A certeza de que acertamos tantas vezes e a maior parte não o valorizamos o suficiente. A certeza da nossa condição de ser humano. A certeza de que não precisamos de um ano novo para arriscar, para tomar iniciativas, para redefinir rumos. A certeza de que fazê-lo no início do ano nos acalenta sonhos e nos faz acreditar. Bom ano! Sejam felizes! Hoje, amanhã e no mês seguinte!

Bernadette Lima, Janeiro 2019